A Escrita Dos Surdos
A escrita, depois da fala é o primeiro meio de comunicação que se aprende. E para quem não fala como os surdos? Em uma época de inclusão social onde a maioria das pessoas não conhece a Língua de Sinais (LIBRAS ? Língua Brasileira de Sinais) que é a língua oficial do surdo, a escrita se torna um importante instrumento de comunicação entre surdos e ouvintes. Mas, como ocorre a aquisição da Língua Majoritária (Língua Portuguesa)? Através de associações entre figuras e seus signos lingüísticos (em Língua de Sinais) e posteriormente é feita a associação dos mesmos com a representação escrita do signo lingüístico.
Na sintática os alunos apresentam dificuldades na estruturação da sentença, geralmente eles entendem o que os outros escrevem, porém não conseguem formular orações adequadas, devido às dificuldades morfológicas e sintáticas, como: concordância verbal e nominal. Difícil é o emprego dos tempos verbais no perfeito e no imperfeito, do subjuntivo; das preposições e dos pronomes oblíquos.
Com a educação bilíngüe e o reconhecimento da língua de sinais como primeira língua dos surdos. As diretrizes do MEC (2002) indicam que o ensino de português para surdos deva assumir metodologias de segunda língua. Uma compreensão limitada a respeito da linguagem e de sua importância em relação ao processo avaliativo do surdo é também daqueles que ouvem. Assim tanto professores como alunos requerem uma formação diferenciada para lhe dá com as especificidades de tais limitações.
Considerando a hipótese de que a língua de sinais é a língua natural dos surdos, se o surdo for usuário da língua de sinais, a Libras assumirá um caráter mediador e de apoio na aprendizagem do português, uma vez que, para o surdo, aprender a escrever, é também aprender, uma segunda língua. Assim sendo, a língua de sinais pode interferir na escrita do sujeito surdo, quanto ao uso de conectivos, preposições, tempos verbais, concordância nominal e verbal, etc, mas não na sua estrutura textual, pois como observa Koch (1997:20), "na atividade de produção textual, social/individual, alteridade/subjetividade, cognitivo/ discursivo coexistem e condicionam-se mutuamente, sendo responsáveis, em seu conjunto, pela ação dos sujeitos empenhados nos jogos de atuação comunicativa ou sócio-interativa". Desse modo percebemos que o desenvolvimento do sujeito surdo é amparado pela sua característica lingüística.
Então em uma pesquisa para analise do texto de um surdo, pedimos para dissertar sobre "o que você entende sobre futebol". O rapaz Erikson disse: "nós importante e jogo surdos e gosta muito e especial esporte pernambucano união igual mesmo ouve também surdos gosta muito. Comunicado surdos". O moço Felipe disse: "você já apreendido marido? Foi muito difícil, mas enganar você. Motivo dinheiro ou bêbado? Eu já sei
A linguagem sem escrita própria é passageira, menos precisa, depende do momento, do lugar, de quem comunica e da memória. A escrita é a representação de um sistema primário que é, em geral, a fala. As pessoas ouvintes têm facilidade de aprender porque copiam os fonemas. As pessoas surdas que se comunicam por sinais também precisam representar pela escrita a fala própria delas que é viso-espacial. Quando as pessoas conseguem aprender uma escrita que é representação de sua língua natural amadurecem e melhoram todo o seu desenvolvimento cognitivo.
O sentido da escrita é posto "no prazer de compreender" e de "poder falar sobre" acontecimentos singulares que afetam direta ou indiretamente a vida da pessoa, levando a um movimento constante de articulação entre passagens do texto escrito e de outros discursos (orais ou sinalizados). A escrita precisa ser uma atividade significativa para a criança isso acontece quando as pessoas podem escrever baseadas em sua compreensão da língua de sinais, não necessitando da intermediação da língua oral. O que ocorre também, no ambiente de uma classe de surdos, onde o professor e os colegas se comunicam em língua de sinais, elas efetivamente tentam escrever os sinais quando estimuladas a isso. Então considero que a surdez seja uma diferença, mas que não posa ser excludente do individuo. Assim corrobora "Aquele que aprende a enunciação de outrem não é um ser mudo, privado da palavra, mas ao contrário, um ser cheio de palavras interiores. Toda a sua atividade mental [...] é mediatizada para ele pelo discurso interior e é por aí que se opera a junção com o discurso aprendido do exterior. A palavra vai à palavra." Mikhail Bakhtin 1992
Quando se pensa em escrita, duas perspectivas, dentre várias, interessam nos mais particularmente: aquela que se preocupa com a escrita dentro de um processo sociológico mais amplo e aquela que se preocupa com a escrita sob o ponto de vista do ensino. Em nossa perspectiva, separar esses dois aspectos é encarar a escritura. É nesses dois aspectos que se pode diferenciar, segundo proposta de Kleiman (1995: 16 21), letramento e alfabetização. Esta seria uma das práticas de letramento, de maneira geral de responsabilidade da
Fonte: http://sobrelibraseculturasurda.blogspot.com.br/
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