segunda-feira, 30 de maio de 2016

Vídeos- aulas Fundamentos históricos, biológicos e Legais da Surdez

Fundamentos Históricos, Biológico e Legais da Surdez.
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1- A surdez: noções de anatomia e fisiologia da audição
2- Bilinguismo,
 3- Concepções de surdez,
4- história da educação de surdos no Brasil, 
5- história da educação de surdos: Antiguidade à Idade moderna, 
6- História da educação de surdos: Idade Contemporânea,
 7- legislação brasileira e a educação de surdos, 
8- modalidade de atendimento educacional para surdos,
9- Neurolinguistica: estruturação da Libras no cérebro, 
10- Oralismo e comunicação total.
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sábado, 28 de maio de 2016

Livro Atividades Ilustradas em Língua de Sinais


Para quem não conhece este livro !!
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segunda-feira, 23 de maio de 2016

MULTIPLAS IDENTIDADES SURDAS

   MULTIPLAS IDENTIDADES SURDAS 
 

          Segundo A Autora Gladis Perlin: “As diferentes identidades Surdas são bastante complexas, diversificadas. Isto pode ser constatado nesta divisão por identidades onde se tem ocasião para identificar outras muitas identidades Surdas, ex: Surdos filhos de pais Surdos; Surdos que não tem nenhum contato com Surdo, Surdos que nasceram na cidade, ou que tiveram contato com Língua de Sinais desde a infância etc... Como dissemos a identidade Surda não é estável, esta em continua mudança. Os Surdos não podem ser um grupo de identidade homogênea. Há que se respeitarem as diferentes identidades.

          Em todo caso, para a construção destas identidades impera sempre a identidade cultural, ou seja, a identidade Surda como ponto de partida para identificar as outras identidades Surdas. Esta identidade se caracteriza também como identidade política, pois esta no centro das produções culturais.

          Outro ponto de partida que não pode ser esquecido é que a identidade Surda é possível pela experiência visual. Isto é, se a pessoa tem audição já não pode ser Surda como no caso da identidade intermediaria. Isto tudo é importante à produção cultural como seja: necessidade de intérpretes, de Língua de Sinais, de convívio com pessoas de identidades iguais”.

          As Diferentes Identidades Surdas:

1.      Identidades Surdas (identidade política)              

          Trata-se de uma identidade fortemente marcada pela política Surda. São mais presentes em Surdos que pertencem à comunidade Surda e apresentam características culturais como sejam:

·        Possuem a experiência visual que determina formas de comportamento, cultura, língua, etc.;

·        Carregam consigo a Língua de Sinais. Usam Sinais sempre, pois é sua forma de expressão. Eles têm o costume bastante presente que os diferencia dos ouvintes e que caracteriza a diferença Surda: a captação da mensagem é visual e não auditiva. O envio de mensagens não usa o aparelho fonador, usa as mãos;

·        Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos e assumem um comportamento de pessoas Surdas, Entram facilmente na política com identidade Surda, onde impera a diferença: necessidade de interpretes, de educação diferenciada, de Língua de Sinais, etc.;

·        Passam aos outros Surdos sua cultura, sua forma de ser diferente;

·        Assumem uma posição de resistência;

·        Assumem uma posição que avança em busca de delineação da identidade cultural;

·        Assimilam pouco, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade de entendê-la;

·        Decodificam todas as mensagens recebidas em Língua de Sinais;

·        A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas;

·        Tem suas comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham entre si suas dificuldades, aspirações, utopias;

·        Usam tecnologia diferenciada: legenda e Sinais na TV, telefone especial, campainha luminosa;

·        Tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais;

·        Esta identidade assume características bastante diferenciadas é preciso lembrar aqui que, por exemplo, a identidade Surda genealógica traz sinais vividos e provados durante gerações, por exemplo, na Itália há uma família de Surdos de mais de 40 gerações; os filhos de pais Surdos; os Surdos que nasceram Surdos têm família ouvinte e entraram em contato com a comunidade Surda já em idade adulta.        

2.      Identidades Surdas Hibridas

Ou seja, os Surdos que nasceram ouvintes e com o tempo alguma doença, acidente, etc. os deixaram Surdos:         

·        Dependendo da idade em que a surdez chegou, conhecem a estrutura do 

português falado decodifica a mensagem em português e o envio ou a captação da mensagem vez ou outra é na forma da língua oral;

 
·        Usam língua oral ou Língua de Sinais para captar a mensagem. Esta identidade também é bastante diferenciada, alguns não usam mais a língua oral e outros usam Sinais sempre;

·        Assumem um comportamento de pessoas Surdas, ex: política da identidade Surda usa tecnologia para Surdos...;

·        Convivem pacificamente com as comunidades Surdas;

·        Assimilam um pouco mais que os outros Surdos, ou não conseguem assimilar a ordem da língua falada, tem dificuldade de entendê-la;

·        A escrita obedece à estrutura da Língua de Sinais, pode igualar-se a língua escrita, com reservas;

·        Participam das comunidades, associações, e/ou órgãos representativos e compartilham com as identidades Surdas suas dificuldades, políticas, aspirações e utopias;

·        Aceitam-se como Surdos, sabem que são Surdos, exigem intérpretes, legenda e Sinais na TV, telefone especial, campainha luminosa;

·        Também tem uma diferente forma de relacionar-se com as pessoas e mesmo com animais.

3.      Identidades Surdas Flutuantes    

          Os Surdos que não têm contato com a comunidade Surda. Ou Surdos que viveram na inclusão ou que tiveram contato da surdez como preconceito ou desconhecimento social. São outra categoria de Surdos, visto de não contarem com os benefícios da cultura Surda. Eles também têm algumas características particulares.

·        Seguem a representação da identidade ouvinte;

·        Estão em dependência no mundo dos ouvintes, seguem os seus princípios, respeitam-nos, colocam-nos acima dos princípios da comunidade Surda, às vezes competem com os ouvintes, pois que são induzidos no modelo da identidade ouvinte;

·        Não participam da comunidade Surda, associações e lutas políticas;

·        Desconhecem ou rejeitam a presença do interprete de Língua de Sinais;

·        Orgulham-se de saber falar “corretamente”;

·        Demonstram resistências a Língua de Sinais e a cultura Surda visto que isto, para eles, representa estereotipo;

·        Não conseguiram identificarem-se como Surdos, sentem-se inferiores aos ouvintes; isto pode causar muitas vezes depressão, fuga, suicídio, acusação aos outros Surdos, competição com os ouvintes, há alguns que vivem na angustia no desejo continuo de serem ouvintes;

·        São vitimas da ideologia oralista, da inclusão, da educação clinica, do preconceito e do preconceito da surdez;

·        São Surdos. Quer ouçam algum som, quer não ouçam, persistem em usar aparelhos auriculares, não usam tecnologia dos Surdos;

·        Estas identidades Surdas flutuantes também apresentam divisões; por exemplo, aqueles que têm contato com a comunidade Surda, mas rejeitam-na, os que jamais tiveram contato, etc....


4.      Identidades Surdas Embaraçadas

As identidades Surdas embaraçadas são outros tipos que podemos encontrar diante da representação estereotipada da surdez ou desconhecimento da surdez como questão cultural.

·        Esta identidade não consegue captar a representação da identidade Surda, nem da identidade ouvinte como fazem os flutuantes;

·        Sua comunicação é por alguns Sinais incompreensíveis às vezes;

·        Não tem condição de dizer onde moram, seu nome, sua idade, etc...

·        Não tem condições de usar Língua de Sinais, não lhe foi ensinada, nem teve contato com a mesma;

·        São pessoas vistas como incapacitadas;

·        Neste ponto, ouvintes determinam seus comportamentos, vida e aprendizados;

·        É uma situação de deficiência, de incapacidade, de inércia, de revolta;

·        Existem casos de aprisionamento de Surdos na família, seja pelo estereotipo ou pelo preconceito, fazendo com que alguns Surdos se tornem embaraçados

5.      Identidades Surdas de Transição
         
           Estão presentes na situação dos Surdos que devido a sua condição social viveram em ambientes sem contato com a identidade Surda ou que se afastaram da identidade Surda.


·        Vivem no memento de transito entre uma identidade para outra;

·        Se a aquisição da cultura Surda não se da na infância, normalmente a maioria dos Surdos precisa passar por este momento de transição, visto que grande parte deles são filhos de pais ouvintes;

·        No momento em que esses Surdos conseguem contato com a comunidade Surda, a situação muda e eles passam pela des-ouvintização, ou seja, rejeição da representação da identidade ouvinte;

·        Embora passando por essa des-ouvintização, os Surdos ficam com seqüelas da representação, o que fica evidenciado em sua identidade em construção;

·        Há uma passagem da comunicação visual/oral para a comunicação visual/sinalizada;

·        Para os Surdos em transição para a representação ouvinte, ou seja, a identidade flutuante se da o contrario.


6.      Identidades Surdas de Diáspora

           As Identidades de Diáspora divergem das identidades de transição. Estão presentes entre os Surdos que passam de um pais a outro ou, inclusive passam de um Estado brasileiro a outro, ou ainda de um grupo Surdo a outro. Ela pode ser identificada como o Surdo carioca, o Surdo brasileiro, o Surdo norte-americano. É uma identidade muito presente e marcada.   

7.      Identidades Intermediarias

          O que vai determinar a identidade Surda é sempre a experiência visual. Neste caso, em vista desta característica diferente distinguimos a identidade ouvinte da identidade Surda. Temos também a identidade intermediaria. Geralmente esta identidade é identificada como sendo Surda. Essas pessoas têm outra identidade, pois tem uma característica que não lhes permite a identidade Surda isto é a sua captação de mensagens não é totalmente na experiência visual que determina a identidade Surda.

          *   Apresentam alguma porcentagem de surdez, mas levam uma vida de ou-

                vintes;

·        Para estes são de importância os aparelhos de audição, de aumento de som;

·        Assume importância para eles o treinamento do oral, o resgate dos restos auditivos;

·        Busca de amplificadores de som...;

·        Não uso de intérpretes de cultura Surda, de Língua de Sinais etc. (alguns adoram Língua de Sinais por hobby);

·        Quando presente na comunidade Surda, geralmente se posiciona contra o uso de intérpretes ou considera o Surdo como menos dotado e não entende a necessidade de Língua de Sinais de intérpretes;

·        Tem dificuldade de encontrar sua identidade visto que não é Surdo nem ouvinte. Ele vive como pendulo, ora entre Surdos, ora entre ouvintes, daí seu conflito com esta diferença. 


BIBLIOGRAFIA:

Artigo compilado na integra da Revista da FENEIS - Ano IV – número 14 abr./jun. de 2002. Autora Gladis Perlin
IMAGENS E FOTOS RETIRADAS DE DOMÍNIO PÚBLICO.

Histórias de vida surda: Identidades em questão

Histórias de vida surda: Identidades em questão
 Publicado em 1998 Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre
 Autor(es): Gladis Perlin Resumo
Desde que surgiram os estudos culturais, a identidade surda tem sido reespacializada e reinvestida em novas formas. Não é mais a visão do indivíduo surdo sob o ponto de vista do corpo, da normalidade. É o sujeito surdo do ponto de vista da identidade. A identidade não é em uma visão que “universaliza” o sujeito. E trata o sujeito na alteridade e na diferença representável dentro da história e da política. Diante desta possibilidade, a pesquisa foi feita no sentido de se olhar as histórias de vida de surdos, questioná-las, perceber e refletir sobre suas resistências e chegar à política da identidade surda. Talvez eu não tenha conseguido perceber, neste trabalho, todas as nuanças que estão implicadas na temática da identidade surda e comunidade, mas as identidades surdas representadas estão aí para que questionem as pesquisas ainda pouco realizadas dentro da perspectiva dos estudos surdos. Apresentação Ao iniciar a apresentação deste trabalho, penso ser importante contar um pouco de minha história de vida, declarar minha identidade e dizer que foi através de minhas vivências como surda, mulher, gaúcha, que cheguei até um curso de pósgraduação e, mais especificamente, a interessar-me em investigar as identidades surdas 1 sob a perspectiva dos estudos surdos. Saliento que este trabalho representa um longo e sofrido processo pessoal de construção e desconstrução de valores, conceitos, visões de mundo, cultura, língua, etc. Toda a reflexão aqui contida, foi o resultado de leituras novas, que me fizeram pensar o sujeito surdo relacionado com referenciais móveis constituídos pelos discursos. As relações que tento fazer nesta pesquisa transitam por muitos aspectos, tais como: as subjetividades, as identidades culturais, as relações desiguais de poderes que se interpelam e se narram cotidianamente. O compromisso que tenho com a comunidade que pertenço, assim como com a academia, exige de mim uma postura transparente. Devido a este fato é que peço, aos interessados neste trabalho, que o leiam não na busca de verdades e de soluções de problemas sociais e culturais, mas como um discurso datado e localizado no tempo, na história e na cultura surda. Também, quero aproveitar o momento para dizer que o texto presente não deve ser lido a partir de exigências gramaticais muito rígidas mas, sim, respeitando o meu esforço, sem ter escolha, em tentar escrever uma dissertação dentro de uma língua que não me pertence. Sou surda, minha língua é a de sinais, meus pensamentos não correspondem à lógica do português falado e escrito. Minha surdez não é nativa. O encontro com a mesma se deveu a uma meningite na infância. A minha vida de surda propriamente se passou em grande parte entre os ouvintes, poucas vezes com os surdos. Atualmente procurei um lugar para viver entre os surdos como muitos de nós fazemos. Mesmo assim, como sempre, existem e continuam a existir situações de convívio com ouvintes. O que tem de ruim nisso é que os ouvintes falam e a comunicação visual, na paisagem de seus lábios, é quase sempre mínima. A comunicação existente entre as pessoas ouvintes me deixa assustada. É difícil compreender o que transmite seu pensamento através de lábios que se movimentam com uma rapidez, terrivelmente louca. Observo os lábios com atenção e consigo entender algumas idéias, mas, na maioria das vezes, desanimo pelo cansaço e pela chateação que me invade por não conseguir ter uma noção correta das mensagens dadas. Aí vem de novo o sinal de sensação da eminente exclusão na comunicação com os ouvintes. Não há saídas a não ser quando se tem um intérprete perto. Os interpretes de língua de sinais representam para os surdos a possibilidade de comunicação com a língua auditiva, de dizer nosso pensamento aos ouvintes que não nos conhecem, de contar histórias, de negociar com sujeitos que nem sempre ousam se aproximar temendo a dificuldade na comunicação. O intérprete também conhece a fundo a pessoa surda, as crenças e práticas de sua cultura, e da comunidade, conforme o testemunho da atriz surda Laborit (1994, p. 194): “tenho minha intérprete, Dominique Hoff, aquela de sempre, aquela que me conhece de cor e salteado, que adivinha pelo primeiro sinal o que vou dizer”. Nada como um intérprete assim, quando a tradução resignifica corretamente o discurso e ela assume. a novidade de sentido. Mas, nem todos os ouvintes interpretam da mesma forma, alguns consideram o surdo uma minoria excluída a quem é preciso reduzir, transformar o significado das mensagens; outros há que não entendem a mensagem e interpretam, erradamente, a seu jeito. Como a, a vida é melhor entre sujeitos surdos, eu queria ampliar minha visão sobre esses parâmetros. Há muitas situações da vida onde é necessário dizer uma ou muitas palavras a respeito do ser surdo. A idéia de fazer mestrado parecia o início. Na preparação para a prova de seleção foi rápida, mas providencial. Era preciso pedir um intérprete para o momento; depois, pedir para que, na correção da prova, a escrita do surdo fosse aceita. Para mim foi uma vitória muito grande quando isso tudo se tornou possível. Como disse, no mestrado, as aspirações de minha busca eram pela pesquisa que levaria ao sujeito surdo dentro de uma visão cultural. O encontro com o programa de pós-graduação oferecia uma linha de pesquisa que não vinha ao encontro de minhas expectativas como aprendiz de pesquisadora, pois esta via o surdo sob a ótica clínica. A forma como a abordagem da pesquisa se desenvolvia não me atraia. Era algo que batia de novo naquilo que me faria viver na eterna exclusão. Eu lutava por sobreviver na diferença. Não podia admitir uma visão clínica do surdo, o surdo como deficiente. Percebia-se com os colegas que não havia contentamento em se persistir numa pesquisa onde o espaço da consciência social do surdo não tinha cabimento. Muitas vezes, implicações e conflitos aconteciam com os professores e com alguns colegas que não conheciam mais a fundo aspectos culturais implicados na vida do surdo. Doía que a pessoa surda não era vista como um sujeito. Incomodava-me a forma como contavam o surdo. Era necessário fazer uma virada, era necessário fazer acontecer uma mudança. Um dos fatos que marcou minha trajetória dentro da pós-graduação, foi quando uma das professoras, de uma disciplina feita por mim, que não “conhecia” os surdos, iniciou um trabalho, via internet, com a finalidade de melhor se comunicar comigo. Penso que a sua visão a respeito do surdo mudou depois de iniciar-se este nosso contato. Ela, bem como os meus colegas de disciplina, através das trocas de diálogos virtuais, fundamentados principalmente em Piaget e Bakhtin, começaram a ver a importância da constituição cultural para o surdo. A vinda do professor visitante argentino Carlos Skliar foi providencial para a mudança. Sua presença possibilitou uma orientação para um adentramento no programa dos estudos culturais da surdez. Isso trouxe uma visão diferenciada para contrapor à visão clínica da surdez, presente no meio acadêmico. Assim, foi acontecendo a mudança. Como usuária da língua de sinais 2, para mim, o direito a intérprete particular foi a outra nova mudança. Podia finalmente acompanhar as aulas e expor minhas idéias, no curso de pós-graduação, sem depender das colegas mestrandas que trabalham na mesma linha teórica dos estudos surdos. Através do intérprete fiquei surpresa com a variedade e profundidade dos temas discutidos na academia, aos quais até então, não tinha acesso. Foi a partir dessa conquista que pude escolher a abordagem teórica com que melhor me identifiquei para trabalhar no mestrado. Muitos temas fascinantes surgiram através do contato com o professor Skliar e com o grupo dedicado a investigar os estudos surdos. Tão intensa foi a procura de novos caminhos que o grupo organizou o Núcleo de Pesquisas em Políticas Educacionais para Surdos - NUPPES. Temas como: identidade, comunidade, cultura, história e arte são discutidas e pensadas. De minha parte, como integrante da equipe da linha de pesquisa em Políticas Educacionais para Surdos, reconheço que enfrento a concepção radical das epistemologias norteadoras da produção do conhecimento. Sou constituidora de uma outra língua que não é a dos ouvintes e a minha produção é constituída de signos visuais e não auditivos. Para mim, a produção de sentido acerca dos significantes se dá na cultura visual. Por ser surda, sinto que geralmente necessito de uma reflexão cultural que considere implicações que a perspectiva crítica tem a oferecer para repensar as identidades culturais, entre elas incluo as identidades surdas em transformação. Reconheço a dificuldade de encontrar uma linguagem apropriada para transpor o que quero dizer epistemologicamente, e mesmo o que os surdos querem dizer, fugindo de uma retórica ouvintista 3. Reconheço que estou influenciada pela discussão cultural da surdez, onde os movimentos sociais são sempre questionados, repensados, construídos e desconstruídos. Nesse aspecto assumo a subversão da ordem na busca do direito a mudanças dos contextos onde a cultura surda se manifesta. Ao longo do trabalho busco mostrar como a minha vida está implicada na minha escolha de pesquisa. Ao fazer o recorte temático e teórico da pesquisa, busco refletir sobre as identidades dos sujeitos surdos que vivem em comunidade. Aqui o ponto central do problema é o sujeito surdo atuando na história, a sua identidade e a sua trajetória no mundo hoje. Minha leitura das identidades surdas enfoca a necessidade de acompanhar na história o trauma que seguiu o surdo, bem como os seus testemunhos, e, aí, pensar as formas e forças de identificação. As questões de pesquisa foram surgindo durante o contato com os surdos e na leitura da teoria. Tracei também objetivo da pesquisa no tempo que tentava olhar as identidades. Os sujeitos surdos com os quais tenho contato no dia-a-dia estão presentes na minha pesquisa, e, igualmente, entra sua pertença à comunidade surda.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Língua Respeitada Pela Inclusão?

Somos todos iguais? Estamos incluídos de verdade no mundo? Por que somos incluídos?
Segundo divulgado pela Discovery, “todos somos iguais e na realidade, as diferentes 



Segundo divulgado pela Discovery, “todos somos iguais e na realidade, as diferentes raças humanas se tornam algo superficial já que todos nós viemos do mesmo lugar e possuímos um laço familiar com uma mulher. A razão pela qual nos vemos diferentes uns dos outros se deve às diferenças ambientais e à mudança de nossa pele e cultura no decorrer dos anos… contudo, somos todos iguais”.
Como estamos em época de mudanças, principalmente no âmbito da educação, e pensando na legislação vigente, sabemos que a educação é para todos. A discussão e a implementação da política de inclusão na área educacional têm se intensificado e representam a obrigatoriedade de uma escola inclusiva. Essa política se preocupa com o acesso e permanência do aluno com necessidade educacional especial, dentro da escola, com outros alunos.
Sabemos que há diferença entre Inclusão Social e Educação Inclusiva. Segundo consta na Wikipédia, “a inclusão social é um conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela falta de classe social, origem geográfica, educação, idade, existência de deficiência ou preconceitos raciais, oferecendo aos mais necessitados oportunidades de acesso aos bens e serviços, dentro de um sistema que beneficie a todos e não apenas aos mais favorecidos no sistema meritocrático em que vivemos”. Já a Educação Inclusiva é um processo em que se amplia a participação e acesso ao currículo de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular.
Infelizmente, temos constatado que a maioria das escolas ainda não está preparada para receber todos os alunos com necessidades específicas, principalmente os Surdos, por serem sujeitos que têm sua própria língua, conhecida como LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais, oficializada como língua oficial do Brasil, pela Lei nº 10.436, regulamentada no dia 24 de abril de 2002. Este ano, a Comunidade Surda comemora dez anos da promulgação da lei que oficializou a LIBRAS como língua oficial do Brasil.
Acreditamos que para terem um melhor desenvolvimento nos anos iniciais de escolarização, os Surdos deveriam começar pela escola bilíngue para Surdos, onde podem adquirir LIBRAS como sua primeira língua e português como segunda, na modalidade escrita. Assim, os Surdos conseguem se adaptar à Educação Inclusiva com a presença de um Tradutor Intérprete de LIBRAS/Língua Portuguesa em conformidade com o Decreto nº 5.626, de 2005, que criou a obrigatoriedade de incluir LIBRAS, como disciplina, em alguns cursos universitários e de intérpretes nos locais, como salas de aula, onde há Surdos no meio dos ouvintes.
Hoje, há poucos colégios particulares preparados para receber os Surdos com intérpretes de LIBRAS e professores bilíngues. Entretanto, a experiência do Colégio Luiza de Marillac trouxe muitas novidades para a Comunidade Surda, ao incluir LIBRAS, como disciplina, no currículo do 9º ano do Ensino Fundamental e em todas as séries do Ensino Médio. Dessa forma, os alunos ouvintes aprendem LIBRAS, com um professor Surdo, como condição básica e de respeito na interação com a Comunidade Surda e com os colegas Surdos do colégio. Neste momento, há oito alunos Surdos matriculados no Ensino Médio. O colégio oferece curso livre de LIBRAS para professores, funcionários e toda a comunidade educativa, como pais e familiares, ministrado por um professor Surdo.
Para nós, Surdos, exemplos como o do Colégio Luiza de Marillac podem e devem ser seguidos pelas escolas brasileiras.
Tenho muito orgulho de fazer parte deste projeto inovador!
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quarta-feira, 18 de maio de 2016

O aplicativo Odontolibras pode ser usado em celulares e tablets, e auxiliar o cirurgião-dentista no atendimento e tratamento de pacientes surdos.

Aplicativo desenvolvido na UEL melhora comunicação com pacientes surdos
O aplicativo Odontolibras pode ser usado em celulares e tablets, e auxiliar o cirurgião-dentista no atendimento e tratamento de pacientes surdos.
O programa de Mestrado em Odontologia da UEL pode entrar para a história com uma pesquisa inédita sobre “O uso de tecnologias móveis no tratamento odontológico para comunicação com o paciente surdo”, de autoria da estudante Valéria Lima Avelar, sob orientação da professora Maria Celeste Morita, do Departamento de Medicina oral e Odontologia Infantil da Clínica Odontológica da UEL (COU).
Como funciona o Odontolibras?
Não é tarefa fácil traduzir em palavras uma ferramenta essencialmente visual. Imaginem a tela de um celular, na parte de cima aparece a imagem de uma extração de dente, na parte de baixo, o professor Antônio Aparecido de Almeida, que é surdo e ministra aulas de Libras na UEL, traduz para a linguagem dos surdos o que a imagem mostra. Com um toque na tela o paciente diz para o dentista se entendeu ou não o procedimento. E desta forma novas telas vão surgindo.
O aplicativo é composto de quatro etapas.
1ª) Acolhimento do paciente que consiste no primeiro contato entre dentista e paciente, por exemplo, “Bom dia, como vai?, entre, sente na cadeira”.
2ª) Anamnese que consiste na entrevista (consulta) realizada pelo cirurgião-dentista;
3ª) Prevenção, na qual o profissional vai orientar o paciente como prevenir doenças bucais e;
4ª) Tratamento, na qual o dentista vai explicar ao paciente todas as fases do tratamento.
Reproduçã de três telas do aplicativo: a primeira mostra um processo de cárie, a segunda, uma extração de dente e a terceira, um implante. Abaixo o professor traduz em Libras para o paciente surdo o que o vídeo mostra
Reproduçã de três telas do aplicativo: a primeira mostra um processo de cárie, a segunda, uma extração de dente e a terceira, um implante. Abaixo o professor traduz em Libras para o paciente surdo o que o vídeo mostra
É importante ressaltar que as imagens não são estáticas. Elas possuem movimentos que ilustram em detalhes o procedimento ao qual o paciente será submetido. É como se o paciente assistisse a um vídeo narrado na linguagem dos sinais. Com isso, a participação de uma terceira pessoa (intérprete) só é necessária em casos bem específicos, dando mais privacidade e independência na relação entre o profissional e o paciente.
Durante a pesquisa, o aplicativo Odontolibras foi testado em pacientes surdos e funcionou muito bem. Agora é preciso investimentos para que ele seja aprimorado e disseminado para outras universidades. “Nosso objetivo é ver esse aplicativo sendo utilizado nos 219 cursos de Odontologia existentes no Brasil”, destaca a professora Maria Celeste. “O pontapé inicial já foi dado, o aplicativo já existe e foi testado com sucesso”, acrescenta Maria Celeste.
Segundo Valéria Lima, o aplicativo não substitui totalmente o intérprete de Libras durante o tratamento odontológico, mas proporciona mais independência entre paciente e o cirurgião-dentista. “Geralmente a consulta entre o profissional de saúde e o paciente requer uma certa privacidade e depender totalmente de uma terceira pessoa é muito desconfortável”, explica a estudante.
Ela observa que, futuramente, esse aplicativo poderá ser estendido para outras áreas de saúde como: medicina, fisioterapia e psicologia. “Imagina o constrangimento de uma paciente surda que vai ao ginecologista e dependente totalmente de um intérprete. E quando a consulta é com um psiquiatra ou psicólogo? Essas limitações fazem com que muitos surdos deixem de procurar esse tipo de tratamento que pode ser extrema necessidade para eles”, observa Valéria Lima.
[Fonte: Agência UEL]