O aplicativo Odontolibras pode ser usado em celulares e tablets, e auxiliar o cirurgião-dentista no atendimento e tratamento de pacientes surdos.
O programa de Mestrado em Odontologia da UEL pode entrar para a história com uma pesquisa inédita sobre “O uso de tecnologias móveis no tratamento odontológico para comunicação com o paciente surdo”, de autoria da estudante Valéria Lima Avelar, sob orientação da professora Maria Celeste Morita, do Departamento de Medicina oral e Odontologia Infantil da Clínica Odontológica da UEL (COU).
Como funciona o Odontolibras?
Não é tarefa fácil traduzir em palavras uma ferramenta essencialmente visual. Imaginem a tela de um celular, na parte de cima aparece a imagem de uma extração de dente, na parte de baixo, o professor Antônio Aparecido de Almeida, que é surdo e ministra aulas de Libras na UEL, traduz para a linguagem dos surdos o que a imagem mostra. Com um toque na tela o paciente diz para o dentista se entendeu ou não o procedimento. E desta forma novas telas vão surgindo.
O aplicativo é composto de quatro etapas.
1ª) Acolhimento do paciente que consiste no primeiro contato entre dentista e paciente, por exemplo, “Bom dia, como vai?, entre, sente na cadeira”.
2ª) Anamnese que consiste na entrevista (consulta) realizada pelo cirurgião-dentista;
3ª) Prevenção, na qual o profissional vai orientar o paciente como prevenir doenças bucais e;
4ª) Tratamento, na qual o dentista vai explicar ao paciente todas as fases do tratamento.
É importante ressaltar que as imagens não são estáticas. Elas possuem movimentos que ilustram em detalhes o procedimento ao qual o paciente será submetido. É como se o paciente assistisse a um vídeo narrado na linguagem dos sinais. Com isso, a participação de uma terceira pessoa (intérprete) só é necessária em casos bem específicos, dando mais privacidade e independência na relação entre o profissional e o paciente.
Durante a pesquisa, o aplicativo Odontolibras foi testado em pacientes surdos e funcionou muito bem. Agora é preciso investimentos para que ele seja aprimorado e disseminado para outras universidades. “Nosso objetivo é ver esse aplicativo sendo utilizado nos 219 cursos de Odontologia existentes no Brasil”, destaca a professora Maria Celeste. “O pontapé inicial já foi dado, o aplicativo já existe e foi testado com sucesso”, acrescenta Maria Celeste.
Segundo Valéria Lima, o aplicativo não substitui totalmente o intérprete de Libras durante o tratamento odontológico, mas proporciona mais independência entre paciente e o cirurgião-dentista. “Geralmente a consulta entre o profissional de saúde e o paciente requer uma certa privacidade e depender totalmente de uma terceira pessoa é muito desconfortável”, explica a estudante.
Ela observa que, futuramente, esse aplicativo poderá ser estendido para outras áreas de saúde como: medicina, fisioterapia e psicologia. “Imagina o constrangimento de uma paciente surda que vai ao ginecologista e dependente totalmente de um intérprete. E quando a consulta é com um psiquiatra ou psicólogo? Essas limitações fazem com que muitos surdos deixem de procurar esse tipo de tratamento que pode ser extrema necessidade para eles”, observa Valéria Lima.
[Fonte: Agência UEL]
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