quarta-feira, 20 de julho de 2016

O BILINGUISMO APLICADO À EDUCAÇÃO ESPECIAL DE SURDOS

O BILINGUISMO APLICADO À EDUCAÇÃO ESPECIAL DE SURDOS

INTRODUÇÃO
A Educação Especial de Surdos e a Inclusão de Alunos Surdos em Escolas da Rede Regular têm sido, atualmente, temas frequentemente abordados não só no âmbito da educação, mas também no que se refere à abordagem clínico-terapêutica sobre os indivíduos que não possuem ou possuem pouca audição e à temática sócio-cultural que envolve a surdez. Com a compreensão de que a surdez é uma diferença cultural que possui sua própria língua gestual-visual e que o surdo possui sua forma de aprender e de entender o mundo diferente da forma ouvinte, Kyle (1999) defende a idéia de que toda criança surda deveria ter uma educação bilíngue. Para o autor, o desenvolvimento escolar dos surdos só ocorrerá de forma efetiva se a língua de sinais, que no Brasil é a LIBRAS, for aceita como primeira língua ou língua materna; na filosofia educacional bilíngue aplicada à Educação de Surdos, foco do presente trabalho, a língua falada no país é ensinada como segunda língua na modalidade escrita e, caso o aluno quiser, na modalidade oral (JOKINEN, 1999)
O trabalho a seguir tem como objetivo explicar o que é a filosofia educacional do Bilinguismo. Primeiramente, entretanto, serão explicados, com base em Thoma (2009), os conceitos de Surdo-Mudo, Surdo e Deficiente Auditivo, utilizados amplamente, muitas vezes, de maneira errônea. Após, o trabalho mostrará um breve histórico dos surdos, destacando a importância, segundo Thoma (2009) do movimento surdo para as articulações de lutas políticas dos surdos.
Por fim, o trabalho mostrará as características de uma instituição de educação especial de surdos, a qual foi visitada com o objetivo de adquirir conhecimento sobre o tema e para que houvesse a realização da pesquisa. Será abordado o perfil administrativo da instituição, os perfis dos alunos e de suas respectivas famílias, a prática do ensino bilíngue na escola, fundamentando-se em autores como Kyle (1999), Jokinen (1999), entre outros, e a posição da instituição perante a inclusão de alunos surdos em escolas da rede regular. Após, será mostrada, brevemente, a história de vida do professor surdo Cláudio Henrique Nunes Mourão, o Cacau.
Por último, irão constar as considerações do grupo sobre o tema central do trabalho, o bilinguismo, e sobre os demais assuntos referentes à educação de surdos abordados ao longo do trabalho. SURDO? SURDO-MUDO? DEFICIENTE AUDITIVO?
A utilização de termos referentes a pessoas que têm alguma perda auditiva é discutível, bem como seus variantes. No presente trabalho, abordaremos, de acordo com Thoma (2009), o uso correto ou não dos termos surdo-mudo, surdo e deficiente auditivo que são comumente empregados.
SURDO-MUDO
Em primeiro lugar, o termo surdo-mudo foi e ainda é amplamente aplicado a pessoas com surdez, no intuito de estabelecer uma relação quase lógica: quem não ouve, não fala; logo, quem é surdo também é mudo. Na verdade, este é, dentre os termos citados acima, o mais errôneo por motivos simples.
No que se refere à questão anatômica e fisiológica do corpo humano tem-se que o sistema auditivo não estabelece relação nenhuma com a “falta de fala” no indivíduo surdo. Tanto isto é verídico que existem muitos surdos que conseguem falar oralmente. A problemática envolve uma questão ainda mais precoce: a aquisição de linguagem. No caso de uma criança que ainda não tenha completado dois anos de idade e seja diagnosticada como surda, a possibilidade do desenvolvimento normal da linguagem diminui drasticamente. Isto acontece em decorrência da ausência do feedback auditivo (ou retorno auditivo), fundamental no processo de aquisição de linguagem na criança onde, através da audição, ela escuta as demais pessoas falando e, desta forma, também adquire linguagem.
SURDO
A utilização do termo surdo mostra-se a mais adequada no momento em que devemos considerar os surdos não como portadores de uma condição de surdez, mas sim como uma minoria lingüística. É deste modo que os surdos preferem ser chamados, uma vez que compõem uma cultura forte e rica como qualquer outra. É neste momento, também, que uma reflexão importante vem à tona: o termo correto é língua ou linguagem de sinais? É indispensável pensarmos que o instrumento de comunicação dos surdos equivale-se a qualquer outra língua no mundo, já que sua abrangência é total, sem deixar que nenhum termo sequer escape. Assim, a língua de sinais brasileira foi considerada, a partir de meados de 2002, oficializada como língua no Brasil, tendo assim, seu status linguístico reconhecido.
Assim, quando nos referimos às pessoas surdas, estamos falando naqueles “que são usuários da língua de sinais e que construíram uma identidade surda em comunidades de surdos” (THOMA, 2009).
Da mesma forma, é ainda relevante diferenciarmos a representação clínico-terapêutica da representação sócio-antropológica, uma vez que aquela entende os surdos como deficientes auditivos e os classifica de acordo com a sua perda auditiva e esta, diferentemente, entende os surdos como integrantes de uma cultura própria e linguisticamente minoritários.
DEFICIENTE AUDITIVO
Por fim, este termo, também amplamente utilizado, foi originalmente empregado por profissionais da área médica, na tentativa de identificar a surdez como também uma deficiência e tratá-la como tal. Com o surgimento da fonoaudiologia, contudo, a conscientização do uso deste termo passou a ser restrita em casos de realização de um exame denominado Audiometria. É a partir deste exame fonoaudiológico que confirma-se ou não uma suspeita de surdez do individuo através do estabelecimento de limiares auditivos deste paciente. Em outras palavras, é através desse exame que se pode estabelecer o mínimo de som que o paciente é capaz de escutar.
Para questão de ilustração tem-se que as perdas auditivas podem ser de diferenciados graus. A classificação mais conhecida e amplamente utilizada classifica a perda auditiva em normal, leve, moderada, severa e profunda (DAVIS e SILVERMAN, 1970). Portanto, é importante destacarmos que a fonoaudiologia se vê preocupada em classificar a perda auditiva do paciente, e não o próprio paciente, como muitas áreas da saúde costumam fazer.
Tem-se assim, que, até mesmo na concepção dos próprios surdos, que o verdadeiro deficiente auditivo é aquele que vive a condição de surdez como uma deficiência, não a vendo como uma cultura extremamente rica e normal. Por fim, destacamos aqui a importância da escola de surdos, uma vez que esta tem sido apontada como o lugar onde as comunidades surdas emergem e fazem com que as crianças surdas convivam com outras pessoas surdas, como uma forma de reforçar os laços desta comunidade. Portanto, a surdez é uma experiência constituída na relação com outros (surdos ou ouvintes) e que permite ao indivíduo surdo inserir-se na sociedade por meio do bilinguismo.
BREVE HISTÓRICO DOS SURDOS
Até os dias atuais, a comunidade surda trabalha com grande afinco por espaço e reconhecimento perante a sociedade ouvinte.
É através do Movimento surdo que ocorre as articulações de lutas políticas dos surdos (THOMA, 2009). Esse movimento está representado em várias entidades no mundo inteiro. No Brasil, é a Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, FENEIS, a responsável por cuidar das demandas e necessidades dos surdos no país. Temos que saber, porém, que a história de tentativas dos surdos de serem aceitos e respeitados tanto linguisticamente como em termos de identidade e cultura é de muitos séculos atrás:
Século XVI: Só a partir desse século é que passam a ocorrer as primeiras tentativas de educação dos surdos. Antes disso, a sociedade acreditava que os surdos não podiam ser ensinados.
Entre 1712 – 1789: A educação dos surdos passa a ser mais explorada. Em 1750 surge a primeira escola pública baseada no método oral e em 1760, é criada a primeira escola para surdos, com base no método gestualista, graças ao abade Charles L´Epeé, que transforma sua casa nesse local de ensino depois de observar duas crianças surdas se comunicando por gestos (THOMA, 2009). Embora ambas as escolas tenham surgido quase que concomitantemente, o método oral era extremamente mais divulgado e aceito.
1815 – 1817: O melhor aluno do abade é convidado para implantar nos Estados Unidos o ensino de surdos utilizando a Língua de Sinais. Posteriormente, é fundada uma escola para surdos no país.
1857: D. Pedro II convida o professor surdo Eduard Huet para criar no Brasil o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos (THOMA, 2009). Podemos, a partir disso, perceber que o interesse pelos surdos no nosso país aconteceu bem mais tarde que em outros lugares.
1880: Consideramos esta uma data muito importante, pois mostra claramente que os surdos já lutavam por um lugar linguístico e eram causadores de muitas polêmicas. Ocorre, nesse ano, o Congresso de Educadores de Surdos, na Itália, onde grandes nomes como Graham Bell e Juan Jacob estavam presentes. É apresentado um método de educação visando eliminar gestos e Língua de Sinais. Ficou proibido o uso dessa língua nas escolas.
Século XX: A maioria das escolas usava o método oral puro.
1960: William Stokoe faz um estudo linguístico demonstrando que a Língua de Sinais é equivalente as que usam a modalidade oral. Esse estudo foi muito importante na história dos surdos, pois foi a partir daí que os surdos começaram a reivindicar ainda mais a aceitação da Língua de Sinais de maneira mais forte e segura. Nessa mesma década, Dorothy S., mãe de menina surda, começa a utilizar em uma escola: linguagem sinalizada + fala + leitura labial + treino auditivo = Total Approach.
Final de 1970: No Brasil é introduzida a Comunicação Total.
1983: É criada no nosso país a Comissão de Luta pelos Direitos dos Surdos. No mesmo ano, na Alemanha, os surdos reivindicam o reconhecimento da Língua de Sinais.
1986: O centro SUVAG, em Pernambuco, faz sua opção metodológica pelo Bilinguismo (THOMA, 2009).
1987: É criada a FENEIS, que luta pelos surdos no nosso país.
2002: Através da FENEIS ocorre a oficialização de LIBRAS em todo território nacional. Mais precisamente dia 24 de abril de 2002.
A partir desse breve histórico podemos ver que a comunidade surda passou por imensas dificuldades ao longo dos séculos para se estabelecer com tal. Apesar de grandes feitos terem sido conquistados, ainda existe o preconceito contra uma língua que não tem como modalidade ser oral-auditiva e sim gestual-visual. Acreditamos que através da FENEIS, e outros movimentos, os surdos tendem a conquistar cada vez mais espaço em todos os sentidos. O que importa, atualmente, é tirar a ignorância que ronda a sociedade através de informações sobre os surdos, que de deficientes já provaram não ter nada.
O BILINGUISMO
O Bilinguismo (num sentido escrito) é uma proposta de ensino usada por escolas que se propõem a tornar acessível à criança duas línguas no contexto escolar. Os estudos têm apontado para essa proposta como sendo mais adequada para o ensino de crianças surdas, tendo em vista que se considera a língua de sinais como língua natural e parte desse pressuposto para o ensino da língua escrita. No entanto, o reconhecimento dos surdos enquanto pessoas surdas e da sua comunidade linguística estão inseridos dentro de um conceito mais geral de bilinguismo.
Esse conceito mais geral de bilinguismo é determinado pela situação sócio-cultural da comunidade surda como parte do processo educacional. O fato de serem pressupostas duas línguas no processo educacional da pessoa surda, a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa, está inserido num processo educacional. Bilinguismo para surdos atravessa a fronteira linguística e inclui o desenvolvimento da pessoa surda dentro da escola e fora dela dentro de uma perspectiva sócio-antropológica.
O bilinguismo, tal como entendemos, é mais do que o uso de duas línguas. É uma filosofia educacional que implica em profundas mudanças em todo o sistema educacional para surdos. A educação bilíngue consiste, em primeiro lugar, na aquisição da língua de sinais, sua língua materna. Lacerda & Mantelatto (2000) afirmam que “o bilingüismo visa à exposição da criança surda à língua de sinais o mais precocemente possível, pois esta aquisição propiciará ao surdo um desenvolvimento rico e pleno de linguagem e, conseqüentemente, um desenvolvimento integral”. A comunidade dos surdos está inserida na grande comunidade de ouvintes que, por sua vez, caracteriza-se por fazer uso da linguagem oral e escrita.
O bilinguismo propõe que o surdo comunique-se fluentemente na sua língua materna (língua de sinais) e na língua oficial de seu país. Oral ou escrita? Essa questão polêmica divide os educadores de surdos. No entanto, todos concordam que o desenvolvimento cognitivo, afetivo, sócio-cultural e acadêmico das crianças surdas não depende necessariamente de audição, mas sim do desenvolvimento espontâneo da sua língua. A língua de sinais propicia o desenvolvimento linguístico e cognitivo da criança surda, facilita o processo de aprendizagem, serve de apoio para a leitura e compreensão.
De acordo com Souza (1998), “a partir do momento em que os surdos passaram a se reunir em escolas e associações e se constituíram em grupo por meio de uma língua, passaram a ter a possibilidade de refletir sobre um universo de discursos sobre eles próprios, e com isso conquistaram um espaço favorável para o desenvolvimento ideológico da própria identidade”.
Em síntese, a integração plena da pessoa surda passa, necessariamente, pela garantia de convívio em um espaço, onde não haja repressão de sua condição de surdo, onde possa expressar-se da maneira que mais lhe satisfaça, mantendo situações prazerosas de comunicação e de aprendizagem. Para Vygotsky (1989), “a trajetória principal do desenvolvimento psicológico da criança é uma trajetória de progressiva individualização, ou seja, é um processo que se origina nas relações sociais, interpessoais e se transforma em individual, intrapessoal”.
O ENSINO BILÍNGUE: VISITA À INSTITUIÇÃO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DE SURDOS
Com o objetivo de conhecer e observar uma instituição de ensino especial de surdos, foi realizada, no dia três de dezembro de dois mil e nove, uma visita à Escola Estadual onde estão matriculados 100 alunos, os quais são todos surdos. A escola localiza-se na cidade e oferece todas as etapas que as demais escolas da rede estadual oferecem, sendo elas Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio.
O grupo teve, como principal objetivo, ver a opinião e os argumentos de profissionais da educação especial sobre a necessidade do ensino especial de surdos, os quais são vistos por esses profissionais como uma minoria linguística que possui uma cultura e identidade próprias. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação do Brasil (LDB, 1996), os alunos com deficiência devem ser matriculados preferencialmente em escolas da rede regular de ensino. Mas, como veremos ao longo das observações feitas com a visita à Escola Estadual, os profissionais do ensino especial não se limitam ao fator deficiência para argumentar a favor da educação especial. Conforme o que foi respondido por (2009), diretora da instituição, o grupo teve a possibilidade de obter informações relevantes para a realização do trabalho e de conhecer, mesmo que superficialmente, a dinâmica de uma escola especial de surdos, onde o bilinguismo, foco do presente trabalho, é praticado desde os primeiros dias que o aluno frequenta a sala de aula.
FUNCIONAMENTO DA INSTITUIÇÃO VISITADA
Primeiramente, foram feitas perguntas sobre a organização da instituição, enquanto escola estadual. Ou seja, foram levantadas questões como o repasse de verbas pelo governo do Estado, merenda escolar, o espaço escolar, administração, formação dos professores, entre outras. No que se refere ao repasse de verbas pelo governo do Estado, assim como ocorre com as instituições de ensino regular, há problemas e atraso. Porém, a diretora observa, ao longo da conversa, que há “uma maior negligência” para com as escolas especiais. No caso da merenda escolar, as verbas repassadas pelo governo estadual, que primeiramente são fornecidas pelo governo federal, são insuficientes. A merenda, por não contemplar de forma satisfatória todos os alunos da escola, é conseguida por meio de doações.
Objetivando uma melhor administração, foi criado, recentemente, o caixa escolar. O caixa escolar é uma associação da escola, organizado pelos funcionários, no qual a verba é fornecida pelo governo federal e é repassada diretamente para a escola, sem passar pelo governo estadual. A organização do caixa escolar ainda está em andamento.
Além da merenda escolar, verbas para a construção de um laboratório de informática também não são fornecidas. Entretanto, toda instituição especial usa o visual para o ensino dos alunos surdos, sendo o computador um instrumento excepcional e imprescindível para o sucesso de sua educação. O trabalho visual é essencial, visto que “o surdo usa comunicação visual (língua de sinais) e não comunicação auditiva” (Carta de Porto Alegre: a educação que nós surdos queremos, 1999).
Não só há negligência no repasse de verbas para assuntos relacionados à surdez, de acordo com a professora (2009), como também para com a acessibilidade do espaço escolar para alunos com deficiência física. A instituição precisa de rampas e de um banheiro adaptado, visto que, assim como em escolas regulares, há alunos cadeirantes. Entretanto, os banheiros não são adaptados e há apenas escadas na escola.
Há quatro alunos matriculados na Educação Infantil, cinquenta alunos no Ensino Fundamental e quarenta e seis no Ensino Médio. Há, também, um número considerável de alunos matriculados na modalidade EJA, entre eles uma aluna de 65 anos que aprendeu LIBRAS somente aos 63 anos, com o ensino especial na escola. Quanto aos professores, há tanto ouvintes (que possuem audição) quanto surdos. A formação acadêmica dos professores é exigida assim como se exige na rede regular de educação.
A escola apresenta diversas atividades extracurriculares, como os Jogos Anuais de Surdos, onde alunos surdos da escola e de outras escolas da região (que são bem poucas) competem em várias modalidades do esporte. Há os Jogos Anuais da Inclusão, em que jovens ouvintes de escolas regulares competem com alunos surdos da escola, também em diversos tipos de esporte. Há aulas de dança e de teatro. Era oferecido pela escola um Curso de LIBRAS, aberto para as famílias dos alunos e para a comunidade. Porém, em 2007, por ordem do governo estadual, o curso foi retirado da programação extracurricular da escola. Segundo a diretora, “o governo quer matar a LIBRAS. O cancelamento do curso é um exemplo.”. Atualmente, a exigência da escola para o retorno do curso de LIBRAS está na justiça.
A escola funciona nos turnos da manhã e da tarde. Também está na justiça a exigência para o funcionamento do turno da noite, uma vez que há alunos que trabalham durante o dia, não podendo, muitas vezes, prosseguir com o estudo devido às dificuldades de conciliá-lo com o trabalho. O pedido para a abertura do turno da noite, assim como as exigências para o retorno do curso de LIBRAS, para a construção de um laboratório de informática e para a construção de rampas e de banheiros adaptados para alunos com deficiência física, está na justiça.
OS ALUNOS DA INSTITUIÇÃO E SUAS FAMÍLIAS
Como já foi mencionado anteriormente, a escola atende 100 alunos, sendo todos eles surdos. Há dois alunos, atualmente, que possuem implante coclear – “equipamento eletrônico computadorizado que substitui totalmente o ouvido de pessoas que têm surdez total ou quase total” (BENTO, 2006 apud ELERT, 2008, p. 15) – sendo a escola, entretanto, contra o uso desse gênero de equipamento e a favor do ensino de LIBRAS.
Segundo a direção da escola (2009), os alunos são, na sua maioria, instáveis. A maior parte chega à instituição desconhecendo completamente a LIBRAS, ignorando, também, o conceito de surdez. A escola tem como principal objetivo, então, ensinar a LIBRAS e as demais disciplinas, ajudando-os a buscar e assumir a sua identidade como surdos, inserindo-os na cultura surda.
Quanto às famílias dos alunos, são todas ouvintes. Os casos de famílias que buscam aprender a LIBRAS são raros, sendo que a maior parte desconhece a LIBRAS e não buscam aprendê-la. Segundo a diretora (2009), não só desconhecem a linguagem de sinais como desconhecem a surdez, acreditando, apesar de matriculá-los em uma instituição especial, que a melhor coisa a fazer seria colocá-los em uma escola de ensino regular, enxergando a criança apenas como um deficiente auditivo que pode ser corrigido junto a uma classe de caráter regular.
A direção observa (2009) que os alunos costumam estudar muito na escola. Questionados sobre o estudo dos conteúdos em casa, a maioria desses alunos diz não estudar devido à falta de ajuda e estímulo por parte da família, ou seja, a maior parte dos alunos não revisa e não estuda em casa porque não recebe nem apoio e nem ajuda dos familiares, preferindo estudar apenas no ambiente escolar, tendo como auxílio somente a ajuda de seus professores. A direção ainda diz que observa a falta de diálogo existente entre a maioria dos alunos e sua família, tendo como um dos motivos a falta de conhecimento da linguagem de sinais por parte dessas famílias.
Como foi dito anteriormente, a maioria das famílias dos alunos não só desconhece a LIBRAS, mas também não possui interesse em aprendê-la; por não conhecer a língua na qual a criança se expressa, a família não consegue estabelecer um diálogo com ela, ocasionando a falta de comunicação entre família ouvinte e membro surdo. De acordo com as palavras da diretora (2009), “uma pessoa surda em uma família de ouvintes é como um móvel da casa, ignorado.”. Ainda conforme a direção (2009), os alunos contam que, quando eram pequenos, sentiam medo quando a família levava-os a algum lugar, pois desconheciam o local para onde estavam sendo levados. A direção diz, também, que as mães pedem para os professores falarem a seus filhos para eles tomarem banho, escovarem os dentes, etc., pois elas não conseguem mandá-los. Frases como essa e como a anterior são indícios da completa falta de comunicação existente entre uma família ouvinte e um membro surdo, provando que o surdo permanece avulso em sua família ouvinte.
Apesar de serem poucas, há famílias que buscam aprender a linguagem de sinais. Há, também, famílias que reconhecem a criança como surda, e não como deficiente auditivo. No entanto, assim como as que possuem interesse em aprender LIBRAS, famílias como essas são muito poucas. Ainda de acordo com o que diz a direção (2009), a maior parte das famílias dos alunos não sabe e não procura saber a LIBRAS, não reconhecendo a criança surda como membro de uma comunidade com língua e cultura próprias, e sim, limitando-se a vê-lo como um deficiente auditivo que precisa ser incluído no ensino regular para que sua deficiência seja corrigida.
O ENSINO DE LIBRAS E A PRÁTICA BILÍNGUE NA INSTITUIÇÃO
Com o entendimento de que a surdez é uma diferença cultural que possui sua própria língua gestual-visual, sua forma de aprender e entender o mundo diferente da forma ouvinte, Kyle (1999) defende a idéia de que toda criança surda deveria ser bilíngue. Para ele, o desenvolvimento escolar dos surdos só será efetivo se a língua de sinais for aceita como língua materna ou primeira língua. Na filosofia educacional bilíngue aplicada à Educação de Surdos, a língua falada no país é ensinada como segunda língua na modalidade escrita e, caso o aluno quiser, na modalidade oral (JOKINEN, 1999). Ou seja, o aluno surdo deve aprender a língua de sinais como primeira língua, passando essa a ser utilizada no ensino de todas as áreas do saber.
Na instituição especial visitada, o bilinguismo é praticado desde os primeiros dias em que a criança chega à sala de aula. Conforme a direção da escola (2009), o ensino de LIBRAS e da língua portuguesa escrita, sendo a associação das duas línguas que define o bilinguismo, é iniciado através da observação, da experiência. O professor leva os alunos para o pátio para que observem os objetos que fazem parte da escola, da paisagem, etc. Com a observação, o professor ensina aos alunos o nome desses objetos em LIBRAS, estimulando o aluno a descrevê-los, também por meio da língua de sinais. Dessa forma, o aluno aprende a LIBRAS como sendo sua primeira língua ou língua materna.
O ensino da língua portuguesa escrita é realizado da mesma forma, porém com a explicação em LIBRAS. Ou seja, o aluno, após aprender a se expressar através da língua de sinais, aprende a se expressar por meio da escrita, tendo a língua de sinais como sua primeira língua e a escrita como sua segunda língua. Esse aluno deve saber associar a imagem à palavra escrita e expressá-la em LIBRAS.
Ao longo da vida escolar do aluno, o bilinguismo é mantido. Os professores escrevem os conteúdos em português, sendo a avaliação também escrita. Entretanto, a explicação dos conteúdos é e deve ser feita em LIBRAS, lembrando que a LIBRAS é a primeira língua do surdo, sendo nela que o aluno surdo se expressa de forma natural. A linguagem de sinais é ensinada na disciplina LIBRAS, que equivale à disciplina Língua Portuguesa, sendo essa ensinada nas escolas de ensino regular. Assim como a disciplina Língua Portuguesa, a LIBRAS é ensinada ao longo de toda a vida escolar do aluno, para que a linguagem de sinais seja cada vez mais aprimorada por ele.
Um fator importante para o ensino de LIBRAS é a condição do professor. De acordo com a direção da escola visitada (2009), a LIBRAS deve ser ensinada por um professor surdo, visto que, ainda conforme a direção da instituição (2009), apenas um professor surdo usará a metodologia correta para o ensino da linguagem de sinais, pois apenas ele, e não um professor ouvinte, que tem a linguagem de sinais como sua língua materna. Apenas um professor que se comunica através de LIBRAS conseguirá, de forma apropriada e eficiente, ensinar um aluno surdo a se comunicar através dessa língua. Devido a isso que os professores que lecionam LIBRAS na escol e, teoricamente, nas demais escolas especiais são todos surdos. As demais disciplinas, como matemática, história, geografia, etc., são ensinadas tanto por profissionais surdos como por ouvintes.
Ainda conforme a direção da escola (2009), assim como ocorre em escolas de ensino regular, há alunos surdos que apresentam dificuldades no aprendizado de LIBRAS e da língua portuguesa escrita. Há os que possuem dificuldades no aprendizado das duas línguas, assim como há os que apresentam dificuldades em aprender uma das duas. Contudo, essa dificuldade é comum, tanto no ensino especial como no ensino regular. O aprendizado do aluno com dificuldade deve ser feito, então, com cuidado e atenção dedicados pelo educador, em qualquer modalidade da educação, seja regular, seja especial.
Logo, o bilinguismo é uma filosofia educacional, na qual, quando é aplicada à Educação de Surdos, há a associação da língua de sinais, a qual deve ser a língua materna do indivíduo surdo e expressada por meio de gestos, com a língua falada oralmente no país, sendo essa a segunda língua do surdo e expressada através da escrita e, se o aluno quiser, individualmente, expressada de forma oral (JOKINEN, 1999). No caso do brasileiro surdo, essa língua materna deve ser a LIBRAS e a segunda língua o Português escrito e, se o aluno desejar, falado por meio da linguagem oral. É dessa forma que a filosofia educacional bilíngue para a Educação de Surdos é aplicada na Escola Estadual e que, teoricamente, deve ser aplicada, também, nas demais escolas de ensino especial.
OS ARGUMENTOS DA INSTITUIÇÃO ESCOLAR CONTRA A INCLUSÃO DE ALUNOS SURDOS NA ESCOLA REGULAR
O ensino de LIBRAS, conforme o que diz a direção da instituição escolar visitada (2009), possibilita o surdo a se expressar de forma natural com uma língua que é dele por excelência, a língua de sinais. A direção ainda observa que o aluno, após conhecer e aprender a LIBRAS, se expressa melhor e se reconhece como integrante da comunidade surda, assumindo a sua identidade como surdo.
Sem o ensino de LIBRAS, o surdo não saberá como se expressar, sentindo-se um deficiente. Indubitavelmente, o fato de a maioria das famílias dos alunos surdos não saber a LIBRAS e não possuir interesse em aprendê-la também prejudica o desenvolvimento do surdo no que diz respeito à sua forma de se expressar. Contudo, ao saber se comunicar por meio da linguagem de sinais e tendo-a como sua língua materna, ele poderá se inserir na comunidade surda, tendo conhecimento de sua cultura e não se sentindo um deficiente.
Com o bilinguismo, a direção também observa que há uma grande melhora na relação do surdo com o mundo ouvintista. A sociedade atual é uma sociedade ouvintista, na qual o deficiente auditivo sente-se excluído. No entanto, ao assumir sua identidade surda e tendo tido uma educação bilíngue, o surdo poderá estabelecer uma comunicação, ainda que limitada devido à sua falta de audição, com o mundo ouvinte; poderá se comunicar através da escrita, uma vez que, com o ensino bilíngue, o indivíduo surdo pôde aprender a modalidade escrita da Língua Portuguesa. Então, com o ensino de LIBRAS juntamente com o ensino da linguagem escrita, observa-se que há uma grande melhora na forma de expressão do surdo e na sua comunicação com o mundo ouvinte.
Quanto à inclusão de alunos surdos em escolas de ensino regular, a escola mostra-se contra. Segundo a diretora (2009), “colocar uma criança surda em uma classe regular é matar uma língua; é tirar o direito dessa criança de aprender uma língua com a qual ela possa se expressar e se comunicar.”. De acordo com essas palavras, a criança surda que é colocada em uma classe regular não aprenderá a LIBRAS como sua primeira língua, e sim, será oralizada, possuindo dificuldades em se expressar e sendo vista como alguém com deficiência e muitas limitações, passando, inevitavelmente, por preconceitos e sendo, por fim, excluída.
Essa situação é invertida quando o indivíduo surdo é colocado em uma classe especial, pois é nessa condição que ele aprenderá a linguagem de sinais e, dessa forma, aprenderá a se expressar por meio dela e por meio da linguagem escrita, se ele tiver uma educação bilíngue. Em uma instituição especial para surdos, o individuo surdo conhecerá outras pessoas que possuem a mesma condição que ele, ou seja, outros surdos. Consequentemente, aprendendo em conjunto e com uma linguagem e cultura próprias, a pessoa surda assumirá a sua identidade e terá condições de se expressar melhor e naturalmente.
Um dos argumentos usados por pessoas que são a favor da inclusão de alunos surdos em classes regulares é o de que professores do ensino regular aprenderão LIBRAS para que possam comunicar-se com o aluno surdo. No entanto, segundo a escola (2009), isso não será possível. A LIBRAS é uma língua na qual a fluência só é alcançada por meio do convívio diário com outros indivíduos que a usam para a comunicação, assim como acontece com as demais línguas, como o inglês. Ainda segundo a direção da escola, um professor da rede regular não irá adquirir a fluência necessária para ensinar um aluno surdo, visto que não terá condições de praticar a língua assiduamente com apenas um aluno surdo em sua classe. Somente com o convívio diário que a fluência necessária para ensinar um aluno surdo em LIBRAS é alcançada, e esse convívio existe apenas nas instituições especiais e em famílias em que há membros surdos.
Outro argumento defendido pela escola é o de que, na classe regular, a LIBRAS não será usada como primeira língua pelos professores, e sim, será usada como ferramenta, ou melhor, como metodologia de ensino para fazer o aluno que não escuta entender o conteúdo. Porém, a LIBRAS deve ser a primeira língua não só de um aluno, mas também de uma classe inteiramente composta por alunos surdos, e não usada apenas como uma ferramenta para a comunicação entre aluno e professora, e sim como língua oficial pertencente a uma cultura. Portanto, a LIBRAS, enquanto língua oficial de uma comunidade, será paulatinamente eliminada com a inclusão de alunos surdos no ensino regular. Apenas nas instituições especiais de ensino, de acordo com a diretora (2009), ela assumirá seu papel de língua oficial de uma cultura.
Por fim, como um dos muitos argumentos sustentados pela instituição contra a inclusão de alunos surdos na escola regular, está o referente às dificuldades que enfrentarão os professores ao lecionar em uma classe na qual está presente um aluno surdo. Mesmo sabendo alguns sinais da LIBRAS, esses professores não conseguirão contemplar o aluno surdo da mesma forma como os alunos ouvintes serão contemplados. O motivo pelo qual isso ocorrerá, segundo a instituição (2009), é o fato de a primeira língua da classe e do professor ser o Português, e não a LIBRAS. A LIBRAS seria, teoricamente, a língua materna apenas do aluno surdo. Isso significa que o conteúdo não será passado adequadamente para o aluno que não escuta. Enquanto os demais alunos da classe estarão sendo contemplados pelas explicações do professor, o aluno surdo será, inevitavelmente, excluído. A LIBRAS só será a primeira língua de uma classe se essa classe for constituída apenas por alunos surdos. Dessa forma, existente apenas em escolas especiais, o conteúdo será passado em uma só língua, a LIBRAS, para todos os alunos, oferecendo as mesmas oportunidades de aprendizagem a todos eles.
De acordo com a diretora (2009), “O termo inclusão é belo para a literatura, mas e a prática? É humanamente impossível um professor ensinar um conteúdo em duas línguas ao mesmo tempo. Alguém será excluído, e esse alguém, no caso da inclusão de surdos, será o surdo.”. Ainda segundo a diretora, “os professores não estão preparados para lidar com todos os tipos de deficiência”.
A opinião da direção da escola, juntamente com a dos demais profissionais que lá trabalham (2009), é, portanto, que “a inclusão exclui”. Segundo esses profissionais, “a LIBRAS como língua oficial de uma comunidade só é ensinada nas instituições especiais. O indivíduo que não escuta, pois, só fará parte de sua cultura tendo contato diário e aprendendo juntamente com os demais indivíduos que, como ele, não escutam. A surdez é mais que uma condição. É uma cultura. E a LIBRAS é o modo como os membros dessa cultura se expressam. Está aí a importância das instituições especiais que, como essa, ensinam e usam a linguagem de sinais como língua materna e que, com isso, preservam a cultura surda.”
HISTÓRIA DE VIDA DO PROFESSOR
Surdo, professor da UFRGS, formado em Educação Física - Licenciatura Plena no IPA em 2007, professor de Libras, estudante de Letras/Libras na UFSM, mestrando do programa de pós-graduação-ufrgs, na linha dos estudos culturais em educação, único dançarino profissional surdo do país, professor de dança de salão na escola de surdos frei pacífico e professor de teatro.
Estudou toda a infância e adolescência em escola regular, foi oralizado, ou seja, sabia pronunciar as palavras, porém não entendia o sentido de nenhuma delas. Conheceu a Língua de Sinais apenas aos 24 anos, o que oportunizou um crescimento profissional e cultural. Acredita que só assumiu sua verdadeira identidade após descobrir a Língua de sinais.
Sobre as escolas regulares Cacau diz que “se uma criança surda iniciar na escola inclusão (regular), a aquisição da linguagem é precária e atrasa muito o aprendizado tornando a criança mais deficiente ainda. Ficará isolada por problemas de comunicação com ouvintes e as brincadeiras das crianças ouvintes são na maioria baseada em sons e não somente o visual”.
Na opinião de Cacau, o bilinguismo é importante para que haja comunicação entre ouvintes e surdos, “nós surdos somos uma minoria linguística com o uso da Língua de Sinais como primeira língua e Língua Portuguesa como segunda língua, então somos brasileiros e vivemos juntos no mesmo país e por isso a importância do bilinguismo que favorece a interação e participação de todas as pessoas para o pleno exercício da cidadania”.
CONCLUSÃO
São muitas as considerações finais do grupo após a realização do presente trabalho. Com a pesquisa, conceitos como o da própria surdez ficaram adequadamente claros em nossa concepção, visto que o indivíduo surdo não é apenas alguém que não possui audição, e sim, é alguém que possui particularidades diferentes ao desenvolver formas de organização de acordo com suas capacidades visuais-gestuais, fazendo parte, dessa maneira, da cultura surda (DORZIAT; LIMA; ARAÚJO, 2009).
Estando o grupo informado a respeito de períodos importantes da história da comunidade surda, com base em Thoma (2009) vimos que o reconhecimento da surdez como minoria linguística é algo que só é alcançado a partir da afirmação da LIBRAS como língua de uma comunidade, constituindo a surdez não como uma deficiência, e sim, como uma cultura. Conforme a Carta de Porto Alegre: a educação que nós surdos queremos, “o deficiente auditivo usa comunicação auditiva, tendo restos auditivos que podem ser corrigidos com aparelhos; o surdo usa comunicação visual (língua de sinais) e não comunicação auditiva.” (1999). Esse breve trecho do documento, elaborado por surdos, há 10 anos, no Pré-Congresso ao V Congresso Latino Americano de Educação Bilíngue para Surdos, resume a diferença entre o deficiente auditivo e o surdo. Essa importante diferença também foi trabalhada pelo grupo ao longo da pesquisa.
Quanto ao Bilinguismo aplicado à educação de surdos, tema escolhido pelo grupo para ser o foco do trabalho, observamos que é uma alternativa de adaptação do surdo na sociedade ouvinte, visto que essa sociedade é maioria. Se o surdo não souber adaptar-se a essa sociedade, sofrerá preconceitos. O Bilinguismo é, portanto, a forma de ensino com a qual o surdo poderá assumir sua identidade como tal e que permitirá que ele consiga comunicar-se com a sociedade ouvinte através da linguagem escrita e, se o surdo desejar, por meio da linguagem oral, também. Por fim, o grupo conclui a importância do ensino especial para surdos, uma vez que o surdo, para se reconhecer como tal, precisa aprender juntamente com outros surdos. Dessa forma, apenas, ele terá a LIBRAS como sua língua materna e a surdez como cultura. Na escola regular, isso não será possível, como vimos ao longo do trabalho. A possibilidade só existe com o ensino especial.
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DORZIAT, Ana. Bilinguismo e Surdez: para além de uma visão lingüística e metodológica. In: SKLIAR, Carlos (Org.). Atualidade da Educação Bilíngue para Surdos. Processos e projetos pedagógicos. Vol. 1. Porto Alegre: Mediação, 1999, p. 27-40.
DORZIAT, Ana; LIMA, Niédja Maria Ferreira; ARAÚJO, Joelma Remígio de. A inclusão de surdos na perspectiva dos Estudos Culturais. Disponível em: <http://www.anped.org.br/reunioes/29ra/trabalhos/trabalho/GT15-1817--Int.pdf>. Acesso em: 7 de dezembro de 2009.
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THOMA, Adriana da Silva. Comunidades, cultura, identidades e movimento surdo. Apostila do Curso de LIBRAS I, 2009 VYGOTSKY, L.S. Concrete human psychology. Soviet Psychology, v. 27, n. 2, p. 53-77, 1989.

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